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Barretos: muito maior que a festa do peão

A densa mata na região onde hoje está localizada a cidade de Barretos fez com que o desenvolvimento do povoado fosse lento, até que em 1870, após uma forte geada, um grande incêndio destruísse a mata e desse lugar a uma rica e natural·área de pastagem. Inúmeras fazendas de gado ali prosperaram, entre elas a Fazenda Fortaleza, de Francisco Barreto, e a Fazenda dos Marques.

A área comum das duas propriedades recebeu o nome de “Patrimônio do Espírito Santo”, onde foi construída a primeira capela, que depois deu origem à cidade. No início do século 20 a cultura do café chegou à região e, junto com ela, os imigrantes europeus que alteraram o crescimento e a arquitetura local. Pouco depois chegaram os árabes que diversificaram a economia, fortalecendo o comércio. Dois acontecimentos, entre 1900 e 1916, marcaram profundamente a história da cidade: a chegada da ferrovia, que impulsionou a atividade produtiva, e a instalação da inglesa Cia Frigorífica Anglo Pastoril, que gerou empregos e crescimento, tanto econômico, quanto populacional. Nas duas grandes guerras mundiais o aumento nas exportações de carne e enlatados se refletiram em todos os setores da economia local. O progresso chegava definitivamente à cidade.

A infraestrutura urbana foi ampliada, o comércio se fortaleceu, levando Barretos à condição de “pólo” do norte do Estado de São Paulo, Triangulo Mineiro e Sul de Goiás. Barretos é sede da 13ª Região Administrativa do Estado, que abrange 17 cidades. Com pouco mais de 108 mil habitantes, recebe praticamente outras “oito Barretos”, cerca de 800 mil pessoas, durante sua festa mais famosa, a Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos. A festa nasceu em 1955 e foi a primeira do gênero na América Latina. Hoje não há quem não a conheça. Da primeira edição, realizada embaixo de uma lona de circo, até a qüinquagésima, no ano passado, muita coisa mudou, menos o orgulho da cidade por sua realização. Para aproveitar esta marca forte, a administração municipal pensa em investimentos maiores para a cidade, que já começaram a chegar.

Um complexo de águas termais foi lançado no mercado, e junto com ele um hotel e dois flats. O turismo, segundo os empreendedores, não ficar mais restrito ao mês de agosto. Mas enquanto os “novos tempos” não chegam, a cidade continua investindo em seu maior potencial, o agronegócio. Em 2005, o valor da produção da cidade foi de R$ 1. 503 bilhão. Transformar o aeroporto local em aeroporto de carga È uma das prioridades, afinal a exportação continua sendo um ponto forte da cidade. Os dois frigoríficos locais são grandes exportadores e empregadores.

O terminal intermodal de cargas da Coopercitrus, em Barretos, fechou parceria com a Ferroban para escoar, até o porto de Santos, cerca de um milhão de toneladas de açúcar e 300 mil toneladas de soja. São centenas de milhares de reais em investimentos. A prefeitura de Barretos faz as contas. Com o terminal, além do aumento na arrecadação de impostos, um número muito grande de caminhões deve circular pela cidade, o que dever· incrementar no consumo em geral. Além disso, um novo armazém já começa a ser construído, e uma fábrica de vagões está em negociação para se instalar na cidade. Outro setor que tem crescido muito na região é o de borracha natural.

A Interlatex tem 1 milhão de seringueiras e, no ano passado, a produção da fábrica chegou a 3.500 toneladas. São 74 empregos diretos e 431 indiretos. Assim, Barretos cresce sem perder suas características de cidade do interior. Uma pesquisa da Secretaria de Segurança Pública indicou que é um dos municípios menos violento do Estado. À vida tranqüila do morador de Barretos se soma uma infraestrutura de boa qualidade, um comércio forte, faculdades que se destacam pela qualidade, o hospital do câncer, que é referência para todo o interior paulista, e, é claro, a Festa do Peão, orgulho de todo barretense.

Dados

  • Valor total da produção: R$ 1.503.000,00
  • Cana-de-açúcar: 36.900 ha/ 2.427.050 ton
  • Soja: 21.000 ha/ 589.680 sacas
  • Milho: 3.500 ha/ 245.000 sacas
  • Algodão: 1.300 ha/ 12.540 arrobas
  • Laranja: 4.815.000 pés/ 7.528.000 cxs
  • Coco: 2.687 pés/ 53.740 frutos/ano
  • Seringueira: 680.000 pés em produção / 365.000 pés novos
  • Pastagem: 50.000 há, sendo 7.000 natural
  • Bovinos: corte 30.000
  • Misto 32.000 / leite 6.800
  • Eqüinos: 2.800

Fonte: EDR Barretos.

Fevereiro/2006

ABAG/RP