O agronegócio está presente em Batatais desde que, em 1.875, a então Freguesia do Senhor Bom Jesus de Batatais se tornou comarca. Naquela época, a produção leiteira, embora subsistente, dava os primeiros passos para tornar-se, décadas depois, o símbolo econômico deste município de 832 quilômetros quadrados de área, localizado a 315 quilômetros da capital paulista e cujos oficiais 51.112 mil habitantes têm o privilégio de ter uma geografia tipicamente mineira e bosques frondosos que garantem uma temperatura tão amena quanto propícia para a saúde. A origem do nome Batatais obedece a duas versões. Na primeira, vem de Mbai-ta-ta, na língua tupi-guarani, correspondente a cobra de fogo, que na crença indígena era o gênio protetor dos campos contra incêndios.
A segunda versão revela que o nome Batatais origina-se das plantações de batatas cultivadas pelos índios e descobertas pelos bandeirantes. Esses, que abriram o chamado “caminho das Guaiases”, em busca do ouro de Goiás, terminaram por ampliar as terras cultivadas. Em que pese as divergências sobre uma ou outra origem, o fato é que Batatais sempre trilhou seu desenvolvimento a partir da atividade agropecuária. Em parte porque suas terras são 50% latossol roxo e 50% latossol vermelho-amarelo, bastante férteis, e também porque a topografia plana permite a mecanização em praticamente todas as áreas. A excelência dos solos fez de Batatais um pólo produtor de café, milho, soja, arroz, feijão, cana-de-açúcar e sorgo. Atrás dessas culturas vieram as torrefadoras de café, algumas das principais do País, não em tamanho, mas pelo processamento apenas de grãos de qualidade tipo exportação.
O setor canavieiro introduziu na cidade a Usina Batatais. Em plena safra, ostenta um quadro com 950 funcionários e estima uma produção 20% superior à do ano passado, com a moagem de 1,88 milhão de toneladas de cana. Em 2001, na área de renovação dos canaviais, a empresa colheu 120 mil sacas de soja. A pecuária leiteira é um caso à parte. Atraídos pela notícia da descoberta do ouro goiano, muitos paulistas, oriundos da capital, de Itu, Santos e São Vicente, acabaram por se estabelecer em Batatais, com a conseqüente expansão e crescimento das fazendas. A importância do leite para Batatais pode ser exemplificada pela criação de uma cooperativa, a Colaba.
Por décadas seguidas ela capitaneou os rumos da economia local, com direito à realização de uma Festa do Leite que, de tão representativa, atraía os principais produtores do País. Mas a concorrência com o leite importado fez o produtor recuar, optando pela diversificação de culturas. O leite passou a dividir espaço com representantes mais novos do agronegócio local. O grupo Matsuda, por exemplo, especializou-se na produção e comercialização de sementes de forrageiras tropicais, onde é considerado líder. A Agroplanta, por sua vez, leva o nome de Batatais estampado em suas embalagens de micronutrientes para plantas que chegam a vários países.
A Centagro, fabricante de produtos veterinários e de nutrição animal, segue o mesmo caminho de sucesso. Exemplos bem sucedidos são encontrados em todos os segmentos, da indústria fornecedora de equipamentos ao setor de serviços para o agronegócio. A Justino de Morais Irmãos S/A (Jumil) é uma das mais tradicionais no mercado de implementos agrícolas. Além do vigor próprio, gerou um “sem-número” de pequenas fábricas instaladas por ex-parceiros. As cadeias agroindustriais também atraíram para a cidade de Batatais multinacionais como a Packo Plurinox, do grupo belga Fullwood Packo, fabricante de equipamentos para o setor de laticínios: tanques de resfriamento, expansão, homogeneização e outros produtos.
O agronegócio é, sem dúvida, a mola propulsora do mercado de trabalho local. Ao menos 12 mil, dos 24 mil habitantes da população economicamente ativa de Batatais, trabalham no setor. O levantamento do Ministério do Trabalho e do Emprego, mostra que o agronegócio é o setor que mais emprega na cidade. Em janeiro último, enquanto a construção civil admitiu novos 96 funcionários e a administração pública contratou outros 34, o setor agropecuário arregimentou 122 trabalhadores. O prefeito de Batatais, Fernando Ferreira, torce para terminar a atual gestão com a devida implementação do binômio turismo e agronegócio, já que o município tem a denominação de Estância Turística. “Para manter a tradição e buscar a modernização é preciso ter vivo o entusiasmo dos pioneiros”, diz ele.
Por pioneiros, entenda-se, estão não apenas os bandeirantes, índios e agricultores, mas até o artista Cândido Portinari, nascido na vizinha Brodowiski, e que tanto retratou em suas obras a vida no campo. A igreja matriz de Batatais recebe turistas de todas as partes para ver um dos maiores acervos de Portinari. Turistas que se encantam pela arquitetura do final do século XIX, pela praça emoldurada com árvores em formato de bichos e com as estreitas ruas que dão o tom interiorano desse vigoroso município.
Junho/2002