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A cadeia produtiva do café

A origem do café no mundo

A importância do café para o Brasil

A importância das cooperativas de café

 

Diz o ditado que o dia não começa antes de um bom café. Pode ser coado, forte, fraco, doce ou pingado. No decorrer do dia, para dar energia, um espresso em cápsula, duplo ou gelado; e ao anoitecer, cai bem um descafeinado.

Independentemente de como é consumido, o café é sempre uma boa pedida.

 

 

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A longa e rica história do café teve início nas terras altas da Etiópia. O nome vem do árabe, qahwa, que significa vinho. Manuscritos antigos trazem o registro do cultivo desta iguaria desde o ano 575, na região do Iêmen, onde era consumido in natura.

Diz a lenda que o potencial energético da bebida foi descoberto de uma maneira inusitada. Um pastor, chamado Kaldi, percebeu que suas cabras ficavam mais agitadas quando comiam folhas e frutos de um arbusto comum naqueles campos. Quando experimentou o fruto e sentiu o efeito energético, o pastor decidiu levar as bagas para um abade do mosteiro local, para quem falou das propriedades da planta mágica. O abade não teria gostado da história e jogou os frutos no fogo. Instantaneamente o cheiro do café torrado se espalhou pelo mosteiro chamando a atenção dos outros monges. Os grãos torrados foram recolhidos, moídos e misturados em água. Teria sido essa a primeira caneca de café. Se é verdade, ninguém pode provar, mas essa é a história mais aceita pelos amantes do café. O que se sabe mesmo é que a bebida alcançou todo o mundo.

 

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS DO CAFÉ

A jornada do café para além da África foi lenta. No início o destino foi o norte do continente. Somente a partir do século XVI o café foi levado para a península arábica, na Pérsia, onde os grãos torrados  passaram a ser consumidos em forma de bebida. Graças às expedições europeias, com objetivo de expandir territórios, buscar novas especiarias e ampliar as atividades comerciais, o café ganhou os quatro cantos do mundo.

Reza a lenda que a chegada do café no Brasil ocorreu por conta de um triângulo amoroso. Em 1727, atendendo a um pedido de Maia Gamão, governador do Estado do Grão-Pará, o sargento-mor Francisco de Melo Palheta partiu em missão para a Guiana Francesa, para resolver uma disputa territorial entre portugueses e franceses. Mas na verdade, o objetivo da missão era conseguir mudas de café, pois diziam que o produto tinha alto valor econômico. O próprio governador passou instruções para o sargento “contrabandear” alguns grãos de café. Chegando à Guiana Francesa, Palheta aproximou-se da esposa do governador da capital Caiena, e conseguiu dela uma muda de café-arábica, trazida clandestinamente para o Brasil.

 

“E se acaso entrar em quintal ou jardim ou rossa ahonde houver cafee, com pretexto de provar alguma fructa, verá se pode esconder algum par de graons com todo o disfarce e com toda a cautella, e recommendará ao dito Cabo que volte com toda a brevidade e que não thome couza nenhuma fiada aos francezes nem trate com elles negocio.”  

(Trecho do documento oficial com as instruções do Governador ao Francisco de Melo Palheta)

 

Se acaso entrar em um quintal ou jardim ou fazenda onde houver café, com a intenção de provar o fruto, veja se consegue esconder alguns grãos com todo o disfarce e com toda a cautela, volte urgentemente e não faça negócio com os franceses. (Tradução livre)

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CAFÉ NO BRASIL

Segundo uma pesquisa, encomendada em 2019 pela Jacobs Douwe Egberts (JDE), o café é a segunda bebida mais consumida no Brasil, ficando atrás somente da água. Realizado com cerca de 3,4 mil brasileiros, o levantamento também permitiu concluir que cada pessoa consome, em média, de 3 a 4 xícaras de café por dia. A bebida está tão presente que a primeira refeição do dia tem o nome de CAFÉ DA MANHÃ.

Em terras verde-amarelas o café começou a ser cultivado nas regiões norte e nordeste, no fim do século XVIII, mas se desenvolveu melhor na região sudeste. Foi a partir da chegada da cultura ao Rio de Janeiro que o produto ganhou importância na história do Brasil. Do Rio, o café foi levado à província de São Paulo, e se consolidou como base da economia do país na segunda metade do século XIX e início do século XX.

O café foi, por muitos anos, a cultura predominante na agricultura brasileira e teve importante papel na formação da sociedade. Com o crescimento da produção e o final da escravatura, muitos imigrantes chegaram ao país, especialmente vindos da Europa. Eles trouxeram novos costumes e fundaram muitas cidades, principalmente no estado de São Paulo, ladeando as ferrovias construídas especialmente para o escoamento do grão. O café era o principal produto de exportação do país, e foi o grande financiador da industrialização brasileira. A produção cafeeira também foi responsável pelo desenvolvimento de muitas cidades, e gerou recursos para a construção de Brasília.

Em resumo, a economia da cultura cafeeira alavancou a indústria nacional, o sistema bancário e contribuiu para a definição dos caminhos políticos do país, até a quebra da Bolsa de Valores norte-americana em 1929.

 

 

 

Monteiro Lobato descreveu a chegada do café no interior de São Paulo em seu livro Ouro Verde, publicado pela primeira vez em 1921:

“A quem viaja pelos sertões do chamado oeste de São Paulo empolga o espetáculo maravilhoso da preamar do café. Aquela onda verde nasceu humilde em terras fluminenses. Tomou vulto, desbordou para São Paulo e, fraldejando a Mantiqueira, veio morrer, detida pela frialdade do clima, à beira da Paulicéia.

Mas não parou. Transpôs o baixadão geento e foi espraiar-se em Campinas.

Ali começou mestre Café a perceber que estava em casa. Corredor de mundo, viajante exótico vindo da Arábia ou da África, provara pelo caminho todos os massapés e sondara todos os climas.

Franzia o nariz, porém. Veio sorrir ali, ao pisar esse oásis do rubídio que é o oeste paulista. E arranchou de vez, para sempre, em sua casa.

Repete-se, então, o movimento bandeirante de outrora. Atrai o homem aventureiro não mais o ouro dissimulado em pepitas no seio da terra, mas o ouro anual das bagas vermelhas que se derriçam em balaios. (...)”

Livro Ouro Verde, de Monteiro Lobato, Editora Globo, 2009

 

Ribeirão Preto: a Capital do Café

As fazendas, em meados dos anos de 1800,  na atual Ribeirão Preto, eram praticamente fonte de produção para subsistência. Somente a partir de 1870 o município passou a fazer parte da expansão cafeeira. O café migrou do Vale do Paraíba paulista e fluminense por causa do esgotamento do solo, chegou a Campinas, mas foi na região de Ribeirão Preto que foi plantado mais intensivamente. As famílias Junqueira e Pereira Barreto foram as pioneiras na exploração da cafeicultura regional. O grande investimento financeiro, a qualidade da terra, a altitude e o clima favoreceram a alta produtividade do café.  Entre 1870 e 1900 o café produzido no município já era conhecido na Europa e levava o nome das fazendas de origem: Café Guatapará, Café São Martinho, Café Monte Alegre, etc.

Ribeirão Preto recebeu, em 1883,  a primeira  Estação da Companhia Mogiana de Estrada de Ferro, e por isso se transformou num centro distribuidor de mercadorias para as fazendas e para as cidades não servidas pela ferrovia. A partir da estação o desenvolvimento da cidade foi acelerado e o título de Capital do Café se confundia com o da Cultura, pois o dinheiro do café propiciou o desenvolvimento das artes e da educação.

 

Saiba mais sobre a história do café no Brasil, contada por Eduardo Carvalhaes

CAFÉ, ESPORTES & OLIMPÍADAS

 

 

 

O ano de 1932 foi de Olimpíadas realizadas Em Los Angeles, Estados Unidos (EUA), com o  país em crise decorrente da quebra da Bolsa de Valores de 1929.

No Brasil o preço do café caía descontroladamente, obrigando Getúlio Vargas, presidente à época, a comprar e queimar sacas e mais sacas de café para diminuir a oferta e aumentar o preço do produto. Para viabilizar a participação brasileira nos jogos olímpicos, o governo brasileiro embarcou 82 atletas, entre os quais uma única mulher, a nadadora Maria Lenk, e com eles 55 mil sacas de café e alguns canhões, para caracterizar o navio como militar, caso houvesse alguma inspeção durante o trajeto.

Chegando em Los Angeles, o navio Itaquicê ainda estava com muitas sacas de café, e como se não bastasse, nem todos os atletas puderam desembarcar, pois não tinham dinheiro para pagar a taxa de 1 dólar por pessoa, cobrada pelo desembarque em terras estadunidenses. Ao final das competições o Brasil não conseguiu nenhuma medalha, mas essa aventura proporcionou uma marca histórica: Maria Lenk, foi a primeira mulher a representar o Brasil em uma Olimpíada. 

Fonte: Revista Cafeicultura, 2016

Navio Itaquicê, responsável por levar os atletas brasileiros para as Olimpíadas em 1932 (Foto: Reprodução/Acerj)

 

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O Instituto Brasileiro do Café, em uma pioneira ação publicitária, criou um logotipo para compor o escudo da camisa da Seleção Brasileira de Futebol durante a Copa de 1982, realizada na Espanha. O raminho de café foi posicionado ao lado da famosa taça Jules Rimet, conferida ao campeão da Copa do Mundo. O símbolo foi registrado como marca oficial em 2000 pela ABIC, Associação Brasileira da Indústria do Café.

 

 

O símbolo do Cafés do Brasil é composto por folhas e grãos, e na “logotipia”, a tipografia na qual o “s” aparece em vermelho indica a variedade de cafés brasileiros. Segundo a ABIC, o uso da marca contribui para o fortalecimento da imagem da cafeicultura brasileira no país e no exterior, e é utilizada por todas as empresas exportadoras de café, no intuito de valorizar a cafeicultura nacional.

 

CAFÉ & COOPERATIVISMO NO BRASIL

 

 

A cadeia produtiva do café encontrou na doutrina cooperativista o suporte para crescer de forma sustentável, unindo o social, o econômico e o ambiental, fatores que fazem parte da essência do movimento desde a origem em Rochdale, na Inglaterra, em 1844. 

As cooperativas de café tiveram um papel decisivo na posição atual do Brasil como o maior produtor do mundo. Elas surgiram a partir da década de 30, após a crise de 1929 que, como visto, teve grandes reverberações na economia cafeeira do Brasil.

A Cooxupé - Cooperativa Regional dos Cafeicultores em Guaxupé Ltda foi a primeira a ser fundada no país, no ano de 1932.  Hoje o Brasil tem 97 cooperativas de café registradas no sistema da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), que respondem por 48% da produção do grão no país. As cooperativas de café disponibilizam apoio ao produtor cooperado, desde a produção dentro da porteira, com assistência técnica e extensão rural, até o pós porteira, no processamento, beneficiamento, comercialização e exportação do produto.

O Cooperativismo facilitou a organização do setor cafeeiro para que fosse possível resguardar os produtores das constantes oscilações de preço do café, que é uma commodity. Com as cooperativas os produtores têm acesso à estocagem do produto. Com isso podem aguardar o melhor momento para a venda e ampliar o poder de barganha nas negociações. A compra de insumos e a contratação de serviços vinculados à produção também são beneficiados quando feitos de modo coletivo.

Fonte: estudo “Formação das Cooperativas de Café no Brasil: uma análise econômica e institucional”. III Encontro de Investigadores Latino Americanos de Cooperativismo (2004)

commodity - expressão econômica que define um produto de origem primária comercializado internacionalmente, em estado bruto. Geralmente são produtos de origem agropecuária  ou de extração mineral ou vegetal, com características físicas homogêneas, produzidos em larga escala em várias partes do mundo.

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A COCAPEC

Em 1985 foi fundada a Cooperativa dos Cafeicultores e Agropecuaristas de Franca, a Cocapec, por iniciativa de produtores da região da Alta Mogiana, localizada entre os estados de São Paulo e Minas Gerais. A área de atuação da Cocapec é conhecida mundialmente pela produção de um café arábica excepcional. A cooperativa conta com mais de 2 mil cooperados e um corpo técnico altamente especializado, tanto para o atendimento do cooperado em campo, quanto no pós colheita, do armazenamento até a comercialização do café.

 

 


Sede da Cocapec em Franca, SP.

Foto: Cocapec

 

Confira algumas histórias de café contadas por produtores cooperados da Cocapec:

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#CURIOSIDADES

 

Vai um chá de café?

O povo hamer, que habita o sul da Etiópia, costuma tirar a casca vermelha dos frutos maduros e descartar o restante. Com as cascas eles preparam  um chá de café, uma das bebidas preferidas por lá.

 

Café com… sal?

Imagine pela manhã, na hora de adoçar o cafezinho confundir-se e adicionar sal? Pode acontecer.

Com os nômades afar, habitantes do deserto da Etiópia, acontece sempre. Eles tomam café misturado com sal mineral, um produto mais acessível do que o açúcar naquela região.

Fonte: Superinteressante, 2016

 

Capuccino

A palavra "Cappuccino" surgiu no século XVI, associada à Ordem dos Capuchinhos, reconhecidos por seus capuzes ou Cappuccinos, em italiano.

 

Hábitos de consumo ao redor do mundo

Existem muitas formas de preparar café. No Japão ele é servido gelado. Na França, misturado com chicória. No Oriente Médio e na África recebe pitadas de canela, alho ou gengibre. Na Itália pode ter tiras de limão. Na Grécia é servido com um copo de água gelada. Na Alemanha é adoçado com leite condensado ou chantilly, enquanto na Suíça é batizado com Kirsch, um tipo de licor.

 

Café e 14 Bis

O produtor Henrique Dumont foi considerado o “Rei do Café”. Ele era pai de ninguém menos que Santos Dumont, e financiou muitos experimentos que o inventor fez até chegar ao 14Bis, o primeiro avião mais pesado que o ar a conseguir decolar por seus próprios meios.

 

Café e saúde

Café pode ajudar a prevenir Alzheimer e outras doenças: um estudo desenvolvido na Faculdade de Medicina de Lisboa, em Portugal, mostrou que o consumo de café pode retardar os sintomas do Alzheimer. Outras pesquisas já provaram que beber café também diminui os riscos de doenças como diabetes tipo 2, depressão em mulheres e Parkinson.

 

Café e língua humana

Beber café estimula diferentes regiões da língua humana: o doce na ponta, a acidez nas laterais e o amargor ao ser engolido.

 

 O mapa dos sabores (Fonte: Revista Galileu.)

 

O futuro na borra de café

Conhecida como Cafeomancia, a técnica de utilizar a borra de café para fazer previsões  surgiu nos países árabes, e só chegou ao ocidente no século XVIII. O vidente interpreta as imagens que ficam no fundo da xícara. Esse café é preparado com o pó diretamente na água, para formar a borra grossa. Ele é servido em  xícara branca, de fundo liso e é bebido pela pessoa que deseja saber as previsões. Segundo os especialistas, somente quem tem o dom da vidência consegue interpretar as imagens.

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#ARTE

 

 Artista: Christoph Niemann (@abstractsunday)

 

I like coffee so much that I have tea for breakfast:
The first cup of the day in particular is so good that I'm afraid I won't be able to properly appreciate it when I am half-asleep. Therefore, I celebrate it two hours later when I am fully conscious."

 

Gosto tanto de café que tomo chá no café da manhã:
A primeira xícara do dia, em particular, é tão boa que temo não ser capaz de apreciá-la adequadamente quando estiver meio adormecido. Portanto, eu comemoro duas horas depois, quando estou totalmente consciente. ",

Fonte: instagram do artista (Christoph Niemann - @abstractsunday)

 

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Antes de seguirmos para o próximo capítulo, que tal fazer um café nota 10?

 

O café coado por filtro de papel ou pano é o preferido da maioria dos consumidores, segundo o barista Felipe Brazz, porque resulta em uma bebida harmônica. Mas como fazer um café nota 10?

Tudo começa com a escolha de um bom café, moído na maneira certa para o método de preparo, para o coador, de pano ou papel, a indicada é a média (que lembra grão de areia). A água deve ser sempre filtrada e fervida até fazer bolhas grandes, nunca menos que 90 graus. O coador, de pano ou papel, deve sempre ser escaldado. A proporção de café é fundamental: normalmente 10 para um, 1 colher de café (10gr) para 100 ml de água. Agora um segredinho: com o pó no filtro, cobrir com água para hidratar, depois colocar o restante da água em movimentos circulares. Para aproveitar todo o aroma e sabor, o café deve ser consumido imediatamente.

 

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ABAG/RP