Este conteúdo foi gentilmente cedido pela associada A.B.E.L.H.A.
Apresentar a apicultura e a meliponicultura.
Ampliar o conhecimento sobre o mel e sua produção.
Apresentar outros produtos das abelhas e suas aplicações.
Imagem: Giphy
Apicultura
A apicultura é a criação racional de abelhas Apis mellifera. Nativas da Europa, da África e de parte da Ásia, elas são conhecidas por sua produção incansável de mel, o que as torna favoritas para a produção comercial. É uma atividade amplamente difundida pelo Brasil e responsável pela maior parte da produção de mel no País e no mundo. Porém, vale lembrar que a Apis mellifera não é nativa no Brasil. Atualmente existe um poli-híbrido entre uma raça de origem africana e europeias, chamado popularmente de abelha-africanizada. A abelha-africanizada manteve muitas das características da subespécie africana, como maior produtividade, alta capacidade de enxameação, maior resistência a doenças e maior defensividade.
O primeiro passo para iniciar na apicultura é conhecer quem são as abelhas, com foco na Apis mellifera. É importante estudar quem são os moradores de uma colmeia, quais as atividades que realizam, do que se alimentam, entre outros comportamentos. O segundo passo é buscar se unir a uma associação de apicultores, pois nela existe o compartilhamento de conhecimentos e a troca de experiências entre iniciantes e mais experientes na atividade. Juntos, os apicultores podem buscar por melhor profissionalização e serem mais competitivos no mercado de comercialização de seus produtos.
A capacitação na atividade através de cursos é o terceiro passo, pois assim será possível aprender sobre os melhores locais para a instalação dos apiários, materiais e ferramentas utilizadas, técnicas de manejo produtivo e a importância de estarem atreladas a um cronograma anual de atividades. Um bom manejo produtivo é essencial para possuir colmeias populosas, saudáveis e produtivas.
É possível adquirir as primeiras colmeias de duas maneiras: por meio da compra de criadores e/ou instalação de caixas-isca para capturar enxames que estão em busca de um novo lugar para construírem suas colônias. Os apicultores que já possuem colmeias, podem aumentar o seu plantel por meio da divisão de colmeias populosas.
Para capturar enxames com caixas-isca, o apicultor deve estar atento a alguns itens, como capacidade, localização das caixas e substâncias aromáticas utilizadas para a atração dos enxames, além de conhecer a melhor época do ano para a instalação das armadilhas em sua região. Para quem quer se aprofundar nessa técnica, que exige um conhecimento prévio sobre a biologia e comportamento da abelha-africanizada, consulte este material produzido pela Embrapa.
Meliponicultura
A meliponicultura é a criação racional de abelhas sem ferrão (também chamadas de nativas ou indígenas). Além de permitir a produção de diversos tipos de mel, a atividade ainda contribui para a conservação das diferentes espécies de abelhas e para ampliar os serviços de polinização de plantas, inclusive de muitas culturas agrícolas. A criação de abelhas sem ferrão já era realizada em diversas localidades no Brasil, muito antes da chegada da Apis mellifera no século XIX. Diferentes etnias indígenas têm explorado produtos das abelhas sem ferrão desde tempos remotos, incluindo os Maias do México e da Guatemala, os Kayapó da Bacia Amazônica brasileira e vários outros grupos africanos e australianos.
Como grande parte das espécies de abelhas sem ferrão são dóceis – pois não ferroam – podem ser criadas como hobby, mesmo em casa e centros urbanos, ou para fins comerciais, já que produzem méis especiais. Porém, para iniciar na atividade, é necessário conhecer o mínimo sobre a biologia e comportamento dessas abelhas, além dos cuidados básicos de manejo. Assim, se você pretende se aprofundar na meliponicultura, assista gratuitamente aos cursos Meliponicultura Embrapa/A.B.E.L.H.A. e Meliponicultura Urbana.
Também é importante estar atento se o seu Estado possui regulamentação da meliponicultura e normas para fins de defesa sanitária animal para a proteção da sanidade das colônias. Por exemplo, os Estados do Amazonas, Bahia, Espírito Santos, Goiás, Maranhão, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul possuem regulamentação própria da meliponicultura, cada uma com suas peculiaridades para a obtenção de autorização de uso e manejo.
Mel
Que ele é doce, todo mundo sabe. Que é alimento rico em nutrientes, muita gente sabe. Mas há alguns outros aspectos interessantes sobre o mel produzido pelas nossas amigas abelhas. Aliás, você sabia que elas são os únicos insetos que produzem alimentos que são consumidos pelos humanos? E que em 21 de junho, primeiro dia do inverno, celebra-se o Dia do Mel?
O mel não é a saliva e nem o vômito das abelhas, como se costuma ouvir por aí. O mel é o néctar das flores que passou por processos de transformação química e física. A fabricação do mel começa com a coleta do néctar nas flores, que é a principal fonte de energia das abelhas e nada mais é que uma solução de açúcares, composta principalmente pela sacarose. Quando coletado, o néctar é armazenado em uma estrutura interna no corpo das abelhas, o papo, e ali entra em contato com duas enzimas, a invertase e a glicose oxidase. A primeira converte a sacarose em dois açúcares mais simples, a glicose e a frutose. A segunda transforma uma pequena quantidade de glicose em ácido glicônico, que torna o mel ácido, protegendo-o de bactérias que o fariam fermentar.
Quando chegam à colônia, as abelhas depositam esse néctar pré-processado em favos ou potes. Ali ele permanece para ser desidratado, o que acontece por meio da agitação das asas das abelhas, que ficam sobre os favos. E, assim, o mel se torna um alimento com pouca água, o que ajuda na sua conservação.
Sua composição é influenciada pelas características do solo, do clima e da fonte do néctar. Tais fatores podem alterar a cor, a acidez, o aroma, a umidade, o sabor, a viscosidade e até o tempo que demora para cristalizar. Com tantas variáveis, o mel é comparável ao vinho pelas diferenças que pode apresentar de uma safra para outra.
Tipos de mel
No Brasil, existem muitas variedades do produto. Mas são 12 os tipos de méis que se destacam por sua peculiaridade, alguns deles são raros e difíceis de encontrar no mercado convencional. Eles possuem características distintas e mudam de acordo com a planta de onde é extraído o néctar, a localização geográfica dessas vegetações e das espécies de abelhas produtoras. Sendo assim, o mel pode apresentar consistências, sabores e cores diferentes. A acidez, o aroma, a umidade, a viscosidade e até o tempo que ele demora para cristalizar também variam de acordo com esses fatores.
Os diferentes tipos de méis produzidos pela abelha melífera (Apis mellifera) são os mais consumidos no mundo. São classificados de acordo com a espécie de planta predominantemente visitada para a coleta do néctar usado na produção do mel, sendo os mais comuns:
Laranjeira:
Mel claro, muito valorizado pelos consumidores brasileiros devido ao aroma e à coloração. Predominantemente produzido em São Paulo e Minas Gerais.
Eucalipto:
Mel relativamente escuro, rico em minerais, geralmente utilizado como expectorante. Produzido nas regiões Sul e Sudeste.
Cipó-uva:
Mel transparente que costuma agradar os consumidores por sua coloração e aroma. Predominantemente produzido em áreas de Cerrado, em Minas Gerais.
Silvestre:
Mel produzido a partir de néctar coletado em uma variedade de espécies de plantas, podendo, assim, variar em coloração e aroma. É o mel produzido em colmeias instaladas nas matas.
Bracatinga:
Mel não-floral ou melato, produzido a partir de cochonilhas, insetos sugadores que secretam um líquido açucarado no tronco da bracatinga, árvore nativa das regiões mais frias do Sul do Brasil. Sabor muito autêntico e peculiar, muito escuro e rico em minerais. É possível produzir mel das flores também, geralmente com sabor bem amargo.
O mel das abelhas sem ferrão é classificado de acordo com a espécie que o produz:
Uruçu (Melipona scutellaris):
Mel claro e amarelado, levemente ácido, produzido no Nordeste brasileiro.
Mandaçaia (Melipona quadrifasciata):
Mel claro, às vezes transparente, não é ácido, com sabor característico do material de construção usado nas colônias, produzido no Sul e Sudeste.
Jataí (Tetragonisca angustula):
Mel claro, levemente ácido, muito usado na cultura popular por suas propriedades medicinais, produzido no Brasil todo.
Uruçu-amarela (Melipona flavolineata):
Mel muito ácido, produzido no Pará.
Tiúba ou Uruçu cinzenta (Melipona fasciculata):
Mel muito doce, geralmente transparente, produzido no Maranhão e no Pará.
Borá (Tetragona clavipes):
Mel bastante peculiar, é levemente salgado e possui aroma que lembra o sabor de queijo, ótimo para temperar saladas. Produzido na região Sudeste;
Jandaíra (Melipona subnitida):
Mel levemente ácido, usado na cultura nordestina como produto medicinal. Produzido na região do semi-árido do Rio Grande do Norte.
Mandaguari (Scaptotrigona depilis):
Mel levemente amargo e mais viscoso, produzido no Sul e Sudeste.
Produção
Para uma boa produção de mel, uma colmeia deve possuir, em média, uma população de 60 mil operárias. E colmeias populosas, saudáveis e produtivas em mel são sustentadas principalmente por cinco pilares que, quando trabalhados de forma adequada pelo apicultor, geram bons retornos financeiros. O primeiro pilar é o conhecimento sobre as abelhas, pois, para se tornar um apicultor de sucesso, é necessário aprender o máximo sobre elas, seu comportamento e seu papel na natureza. Ao conhecer o seu instrumento vivo de trabalho, o apicultor será capaz de tomar decisões que visem à melhora de sua produção. Os demais pilares são localização dos apiários, gestão da atividade apícola, manejo produtivo das colmeias e associativismo. Veja aqui um resumo dos principais tópicos a serem considerados na criação e produção de mel pela espécie de abelha Apis mellifera.
O mel adequado para a colheita nas colmeias e consumo humano é popularmente chamado pelos apicultores de mel maduro. Possui em torno de 17% de umidade e encontra-se nos favos fechados com uma fina camada de cera. Vale lembrar que a produção do mel começa com a coleta do néctar nas flores, é armazenado no papo das operárias campeiras e ali sofre transformações químicas. Quando chegam à colmeia, as operárias depositam o néctar pré-processado nos favos e ali permanece para ser desidratado pela agitação das asas das abelhas. Quando a umidade do mel atinge por volta de 17%, as operárias fecham os favos com uma fina camada de cera e o mel está pronto para a colheita e consumo. Segundo as experiências dos apicultores, o processo de armazenamento do néctar nos favos até a formação do mel maduro leva de 7 a 15 dias, dependendo da florada – que possui flores com néctar mais ou menos aquoso –, temperatura do ambiente e umidade do ar.
Coleta
Como qualquer outro alimento, é necessário que todas as etapas de produção do mel, desde o campo até a entrega do produto no entreposto, sejam realizadas com muito cuidado, para que as características do mel sejam preservadas e os riscos de contaminações sejam controlados para garantir uma produção segura. A garantia da produção segura pode ser alcançada com a aplicação das Boas Práticas Apícolas (BPA), que caracteriza-se pela aplicação dos princípios higiênicos e sanitários na condução do processo produtivo, com todos os procedimentos utilizados descritos e registrados.
Este documento descreve os pré-requisitos para implantação das Boas Práticas Apícolas e apresenta um fluxograma das etapas que vão desde a coleta dos favos no campo até o processamento no entreposto de mel, destacando os principais perigos, as medidas preventivas e os respectivos pontos críticos e de controle.
Aplicações
Além de ser usado como adoçante natural e na gastronomia, o mel também é utilizado para fins cosméticos desde o Egito antigo. Ele tem um efeito imediato de hidratação, tonificação e amaciamento da pele e produz efeitos benéficos para o cabelo e couro cabeludo.
Entre os cientistas, ainda existe controvérsia sobre o uso terapêutico do mel. Mas é grande a lista de propriedades benéficas associadas ao produto do trabalho das abelhas.
Acredita-se que o mel pode auxiliar no tratamento de úlceras, ferimentos e queimaduras, em razão de sua atividade antimicrobiana. Ele teria também efeitos positivos sobre a nutrição, favorecendo a assimilação de cálcio, a digestão dos alimentos e a retenção do magnésio, além de aumentar o apetite. É ligeiramente laxativo, aumenta o teor de hemoglobina no sangue e o vigor muscular.
O importante é ter em mente que o mel não é remédio, é um alimento saudável e nutritivo, que tem características que podem contribuir para a saúde e o bem-estar.
É possível identificar se o mel é puro?
Sim, mas apenas testes fisicoquímicos podem atestar a pureza do mel. Nenhum teste popular pode garantir a pureza do produto. É aconselhável comprar o produto de fornecedores confiáveis. Méis com abelhas no seu conteúdo, ou que ficam ao sol em exposição nas estradas ou ainda em potes ou vidros reutilizados, não são confiáveis quanto à qualidade.
Como o mel deve ser conservado em casa?
O ideal é armazená-lo em frasco bem fechado e guardado em local escuro e fresco.
Por que o mel cristaliza?
A cristalização é um processo natural que ocorre porque o mel é uma solução supersaturada de açúcar, que contém mais açúcares do que pode permanecer em solução. Isso faz da solução uma mistura instável e ela, ocasionalmente, pode retornar à estabilidade por meio da cristalização. Isto ocorre com a perda de água por parte da glicose, que se transforma em monoidrato de glicose e toma a forma de cristal. Entretanto, nem todo mel cristaliza. Como o açúcar responsável pela cristalização é a glicose, a relação entre a sua quantidade e a de água no mel é que determina se cristalizará ou não.
Como descristalizar o mel? Esse processo afeta sua qualidade?
O mel pode ser consumido cristalizado sem nenhum tipo de problema. Caso decida descristalizar, basta aquecê-lo em banho-maria, tomando-se o cuidado de não deixar a água ferver, pois a temperatura elevada prejudica o sabor e as propriedades nutritivas do mel. Jamais use o forno de micro-ondas e atente para que a temperatura do mel não ultrapasse 40ºC.
Por que alguns méis cristalizam rapidamente e outros demoram muito tempo?
Em lugares de clima frio ou temperado o mel cristaliza com mais rapidez, enquanto nos climas quentes o processo é muito mais lento. Outros fatores são a umidade e a florada. O mel de laranjeira demora às vezes anos para cristalizar; já o de eucalipto chega a cristalizar dentro do próprio favo na época de inverno.
A própolis é uma substância resinosa coletada pelas abelhas em uma grande variedade de plantas, especialmente em brotos de árvores. Dentro da colônia, essa substância é manipulada pelas abelhas e misturada a um pouco de cera a fim de adquirir a consistência ideal para vedar frestas e impedir a entrada de frio ou de inimigos naturais. Trata-se de um material com efeito antisséptico e antibiótico, pois possui em sua composição substâncias que limitam o crescimento de microorganismos (bactérias, fungos, entre outros), vírus, prevenindo o aparecimento de doenças na colônia.
Desde o Egito antigo, a própolis é utilizada no tratamento de feridas e inclusive na conservação dos corpos. O famoso ritual de mumificação, aliás, guarda semelhanças com o que é praticado ainda hoje pelos enxames.
Própolis produzido pela abelha Jatai Tetragonisca angustula
A própolis possui propriedades biológicas, entre elas ações antibacterianas, antifúngicas, antivirais e anti-inflamatórias. Alguns estudos também já mostraram um efeito positivo do uso da própolis para a regeneração da pele em casos de queimadura.
O Brasil é o terceiro maior produtor de própolis, logo atrás de Rússia e China. Além disso, tem 13 variedades já catalogadas produzidas pela abelha-africanizada (Apis mellifera), divididas entre as de coloração marrom, verde e vermelha, estas duas exclusivas do País.
Para a produção da própolis, também é necessário preparar as colmeias adequadamente para obter um bom rendimento. Um ponto importante é a flora do local, que deve ser rica em espécies vegetais que disponibilizam resina. Por exemplo, para a produção da própolis verde, é importante que ao redor do apiário exista a planta conhecida popularmente como alecrim-do-campo ou vassourinha (Baccharis dracunculifolia).
Para a extração da própolis são usadas as mesmas colmeias para a produção de mel, ou seja, caixas do tipo Langstroth. A diferença é que entre o ninho e as melgueiras os apicultores deixam frestas, que são vedadas pelas operárias com a própolis com o objetivo de proteger a colmeia. Posteriormente, a própolis para comercialização é removida pelo apicultor. Para mais detalhes, consulte os principais fatores a serem considerados na produção de própolis neste material.
A própolis é consumida por nós na forma de extrato, um preparado de própolis em solvente, geralmente o álcool de cereais, para a extração dos princípios ativos.
No Brasil, o produto é classificado como um alimento funcional, por isso, não existem dosagens estabelecidas de consumo. Assim, é prudente consultar o médico antes de incluir a própolis na rotina, sobretudo para evitar interação com alimentos e medicamentos. A mesma recomendação serve para incluir o produto na alimentação de crianças.
A cera é uma substância de coloração branca secretada em forma de pequenas placas por glândulas específicas (cerígenas) no abdômen de abelhas operárias jovens. Para produzi-la, a abelha melífera converte o açúcar consumido sob forma de mel – cerca de 8 kg de mel precisam ser consumidos para a produção de 1 kg de cera. Ela serve para construir os favos e, quando misturada à resina, se torna uma substância ideal para vedar algumas partes da colônia – a própolis.
Na apicultura, a extração de cera pode ser uma oportunidade de renda especialmente nos períodos de entressafra do mel e é considerada uma excelente matéria prima para a fabricação de artigos biodegradáveis. Além disso, a cera vem sendo intensamente utilizada na produção de cosméticos e medicamentos, além de aplicações específicas em marcenaria e na pintura de tecidos.
O pólen apícola é o pólen coletado nas flores, processado com saliva e mel pelas operárias campeiras, e depositado na corbícula. Nas colmeias, o pólen apícola é interceptado em armadilhas instaladas na entrada das colmeias denominadas de coletores de pólen. Os coletores de pólen são formados por uma barreira, como se fosse uma grade, com perfurações largas para permitir que as campeiras atravessem e entrem na colmeia. Porém, essas perfurações são suficientemente estreitas para reter as bolotas de pólen presas em suas corbículas, que caem em uma gaveta. Essa gaveta encontra-se separada por uma tela que impede o recolhimento do pólen pelas abelhas, assim, o apicultor pode recolher as bolotas de pólen fresco para o beneficiamento e comercialização para o consumo humano. Geralmente, encontram-se na gaveta bolotas de pólen de coloração variável, indicando as diferentes fontes florais visitadas pelas campeiras para a coleta do recurso.
Vale ressaltar que nem todas as bolotas são interceptadas pelas perfurações, a maioria continua aderida na corbícula e é depositada pelas campeiras nos alvéolos dos favos, dando origem ao pão de abelha utilizado para alimentar as crias.
Os componentes majoritários do pólen apícola são açúcares, fibras, proteínas e lipídeos. Outros componentes em menor quantidade são minerais, vitaminas, carotenóides e compostos fenólicos, como os flavonóides. Sua composição química pode variar de acordo com a origem vegetal e geográfica e outros fatores como condições climáticas, tipo de solo e atividades do apicultor.
O consumo de pólen apícola como um suplemento alimentar tem crescido devido ao seu conteúdo nutricional e atividades biológicas, entre elas antioxidante, antimicrobiana e antiinflamatória. A atividade antioxidante, por exemplo, indica eficácia no combate ao envelhecimento celular. O pólen apícola também possui propriedades terapêuticas e tem sido consumido como fortificante, estimulante e gerador de bem estar e vigor físico.
A geléia real é um produto das secreções das glândulas hipofaringeanas (de consistência aquosa) e mandibulares (de consistência leitosa), localizadas na cabeça das operárias jovens – 5 a 12 dias de idade, denominadas nutrizes – da abelha melífera (Apis mellifera).
A geleia real é secretada em pequenas quantidades e tem três funções: alimentação das larvas das operárias de até 90 horas de vida larval, alimentação da rainha durante toda sua vida e alimentação de zangões durante toda a sua fase larval.
A geleia real é coletada pelo apicultor nas células reais (ou realeiras) – onde estão as larvas que se desenvolverão em rainhas –, pois são nessas células que as operárias depositam maior quantidade. Neste vídeo há mais detalhes sobre a produção e coleta de geleia real: Curso Produção de Pólen e Geleia Real - Produção de Geléia por Puxada Natural - Cursos CPT.
Alguns estudos apontam que a geleia real pode ser eficiente como estimulante ou para tratamento de distúrbios neurológicos, endócrinos, digestivos e hematopoiéticos. Também apresenta ação preventiva contra o envelhecimento precoce e é eficaz nos casos de anemia. Ainda possui propriedades cosméticas muito exploradas pela indústria, principalmente para a produção de cremes tópicos.
A apitoxina é o veneno produzido pela espécie de abelha Apis mellifera, injetado pelas operárias nos inimigos, que vão desde outros artrópodes a vertebrados, com o objetivo de defesa.
É basicamente composta por enzimas, proteínas, além de pequenas quantidades de carboidratos e lipídeos. Entre os componentes da apitoxina está a melitina, uma proteína de elevada ação anti-inflamatória e principal substância do veneno usada em cosméticos como cremes faciais. Outro componente da apitoxina é a enzima fosfolipase A2, que junto com a melitina soma cerca de 75% da massa seca do veneno. A fosfolipase A2 é um dos componentes mais alergênicos e contribui para a toxicidade generalizada no envenenamento.
A terapia alternativa com apitoxina (e outros produtos das abelhas) é denominada Apiterapia e tem sido utilizada na medicina tradicional chinesa, bem como na antiga Grécia e Egito, há milhares de anos. A Apiterapia usa a apitoxina principalmente para o tratamento de doenças como artrite, reumatismo e outras doenças autoimunes, e também para a dessensibilização de pacientes alérgicos a ferroadas de abelhas.
A extração da apitoxina é comumente realizada por meio de um coletor composto por placas de vidro e gerador de pulsos colocado na entrada da colmeia. Quando as operárias pousam sobre a placa, recebem um choque e reagem no intuito de ferroar a placa, depositando nela uma carga de veneno, que pode ser coletada pelo apicultor. A principal vantagem desse método é que gera maior quantidade de amostra pura, sem detritos, e não provoca a morte da abelha, pois seu ferrão é preservado.
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