Antigo distrito de Batatais, teve como primeiro nome, Ilha Grande, devido a uma ilha no Rio Pardo bem próxima ao povoado. Em 1896 teve seu nome mudado para Jardinópolis, uma homenagem ao jornalista e ativista republicano, Antonio Silva Jardim, que desapareceu tragicamente durante uma erupção do vulcão Vesúvio, na Itália. Dois anos depois o distrito conseguiu sua emancipação política. Época do café, quando os imigrantes italianos, espanhóis, sírio-libaneses e japoneses eram maioria entre os moradores, e a cidade viveu sua maior fase de desenvolvimento, quando foram construídos os principais prédios da cidade.
Com a quebra da bolsa de Nova York, em1929, Jardinópolis viveu sua primeira crise, que foi superada graças a uma coincidência. Seu primeiro prefeito, Dr. Muniz Sapucaia, levou para a cidade, em 1898, mudas de mangueiras, fruta que o fascinou durante uma viagem à Bahia. Foi a manga que ajudou Jardinópolis a superar a crise do café. Dos anos 30 até meados da década de 80, a fruta, em seus pomares nativos, era responsável pela riqueza da cidade. Um terço da população trabalhava na cadeia produtiva da manga, até que uma praga dizimou os pomares, dando lugar aos canaviais que até hoje são predominantes na zona rural. Uma história que pode mudar novamente. O atual prefeito quer fortalecer a fruticultura, reintroduzir a manga na cidade e estimular o plantio de outras frutas.
“A fruticultura distribui melhor a renda, a qualidade da mão-de-obra é outra, e o salário também”, explica o secretário da agricultura municipal, Emanuel Lima. Ouso da tecnologia será prioridade. O professor Fernando Mendes Pereira, da Unesp de Jaboticabal, foi contratado para orientar e capacitar os produtores. O pêssego e a goiaba já estão sendo plantados em escala e a manga deve voltar em breve a ocupar o espaço que deixou na cidade. A vontade é tão grande que depois de 12 anos sem sua mais famosa festa, Jardinópolis voltou a realizar a festa da manga. As frutas deste ano vieram da Bahia, para onde um produtor da cidade se mudou há oito anos.
Como novo incentivo, Carlos Fiacadori, que cultiva 200 hectares em Petrolina, já prepara sua volta à cidade onde já plantou 20 hectares de manga com tecnologia de ponta, para conseguir 2 colheitas por ano, como acontece no nordeste. A cidade quer, assim, voltar aos bons tempos, uma vez que a vocação local é mesmo a agricultura. Dois programas, recém lançados, revelam a força dessa iniciativa: os trabalhadores rurais recebem, através Bom dia Trabalhador, café da manhã completo, são 1200 kits distribuídos todos os dias. Em breve os pequenos produtores terão espaço no mercado municipal, em construção, para comercializar diretamente seus produtos.
Mas Jardinópolis é uma cidade privilegiada. Apesar da proximidade com Ribeirão Preto, 20 quilômetros, consegue manter um comércio razoável e um parque industrial variado, onde predominam as indústrias de produtos químicos, de móveis, uma agroindústria, a Jardest e uma das mais conhecidas fábricas de botina do país. A cidade, hoje com 33 mil habitantes, é conhecida regionalmente por uma característica pouco positiva. As casas não possuem hidrômetro e a conta de água é fixa: R$ 25,00 por mês. Em decorrência disso o consumo é altíssimo, uma média de 550 litros dia por morador. Essa situação deve ser modificada. O Comitê de Bacia do Pardo, via do Fehidro, vai instalar 10 mil hidrômetros até meados de 2006.
O projeto de construção de uma estação de tratamento de esgoto também deverá ser aprovado para o próximo ano, para entrar em funcionamento até 2007. Outra boa notícia para o meio-ambiente local é que o lixão acaba de ser desativado, dando lugar a um aterro sanitário já em processo de certificação. Na educação pública a cidade resolveu mudar a metodologia e contratou uma rede particular para fornecer o material e o treinamento para seus professores. Na área da saúde a prefeitura está tentando criar um plano específico para seus 1.200 funcionários, para viabilizar financeiramente a Santa Casa local, que há anos está sob intervenção.
Jardinópolis busca novos tempos trilhando velhos caminhos. Em 3 anos a cidade quer voltar a ser referência nacional em fruticultura. Em 6 anos espera estar exportando não só a manga, que garantiu aos moradores da cidade o apelido de boca amarela, mas também goiaba, pêssego, uva, entre outras frutas.
Dados
- Cana 23 mil ha / 1.856.000 t
- Amendoim das águas 600 ha
- Arroz sequeiro 100 ha
- Milho 1.100 ha
- Soja 1.900 ha
- Poedeiras 700 mil cabeças/ Ovos 1.100 cx/ 30 dz/ dia
Fonte: CATI – Jaboticabal.
Outubro/2005