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Agronegócio é a âncora de Nuporanga

O nome em Tupi-Guarani, Nhu-Poran, descreve bem esta cidade com 811 metros de altitude: Campos Belos. Estância climática, com uma temperatura média de 23°C, a cidade parece um cartão postal caracterizando a típica cidade do interior de São Paulo. A primeira impressão é de encantamento. Arborizada, limpa e organizada, já mostra nas placas de sinalização de suas largas ruas o perfil da economia local: “Proibido Estacionar Caminhões e Máquinas Agrícolas”.

O cenário se completa com muitos moradores usando botas de trabalho e chapéus de lona. Uma vocação da cidade desde sua fundação, em 1861. Nuporanga já foi terra de café, algodão, soja e hoje, cana-de-açúcar. Com 6.300 moradores, é a 24ª em arrecadação de ICMS no Estado. A cana-de-açúcar responde por cerca de 20%. Mas é o abatedouro de aves local que garante boa parte da arrecadação de ICMS, mais de 30%. Também é importante na geração de empregos. Dos 1300 funcionários, 500 são da cidade. Além disso, o sistema integrado de pecuária garante empregos em 168 granjas da região, sendo 27 no município, além das propriedades que produzem milho.

O prefeito, Aristides Góes, o Tidinho, produtor rural, conhece bem esses números e se entristece quando a população não entende a importância do agronegócio local, “(...) é o agronegócio que garante uma renda per capita de R$ 604,00. Não há do que reclamar. É preciso saber usar bem o dinheiro dos impostos e fazer a cidade melhorar.” afirma. Asfalto, rede de esgoto, água encanada, coleta de lixo, são 100% em Nuporanga, mas a atual administração está insatisfeita coma saúde e com a educação no município. Apesar de configurar entre as primeiras do Estado em arrecadação, é uma das últimas no quesito educação, e esta é a prioridade para os próximos anos. Nuporanga era uma cidade de velhos e crianças e os estudantes jovens moravam fora.

Hoje um convênio da prefeitura com algumas universidades da região garante desconto nas mensalidades e transporte para as viagens diárias na expectativa de que a mão-de-obra mais especializada permaneça na cidade. Uma história que todo nuporanguense gosta de contar é a de seu primeiro intendente (prefeito), Joaquim de Mello Marques. Em 1892, o ex-aluno do Colégio Naval do Rio de Janeiro, capitão-tenente Mello Marques, pediu reforma e foi morar em Batatais, onde montou um escritório de agrimensura. Em 1899 foi nomeado intendente de Nuporanga e lá desenvolveu o submarino brasileiro, com autorização do ministro da Marinha.

O experimento foi notícia no “The Washington Post”, em 1901. Em uma época em que a palavra submarino era um sonho distante e nem se cogitava o “radio control’, o protótipo brasileiro foi uma inovação. O modelo de metal media 78 cm de comprimento e a propulsão era fornecida por um motor elétrico, instalado num compartimento separado, do mesmo modo em que hoje, decorridos mais de cem anos, são construídos os modelos operacionais de submarino, rádio-controlados, encontrados nos Estados Unidos, Europa e Japão.

O modelo só não foi desenvolvido por falta de verba do governo. Para os especialistas a inventividade de Mello Alves pode ser comparada às de Santos Dumont e Leonardo Da Vinci. O modelo original pode ser visto no Museu Naval e Oceanográfico do Rio de Janeiro, onde se encontra em exposição permanente, em uma vitrine instalada no primeiro andar. O orgulho é tanto que no brasão da cidade os ramos de café, principal cultura desenvolvida na cidade durante sua fundação, divide espaço com uma âncora de prata,mas é a âncora verde que faz a riqueza da cidade.

Dados

  • Propriedades: 407 - média 30 ha
  • Cana-de-açúcar: 20.410 ha
  • Soja: 5.800 ha
  • Milho verão: 1.000 ha
  • Granja: 27 – abate 2 milhões e 46 mil cabeças/ano
  • Pecuária: 5.696 cabeças. Prod. Leite – 8mil l/dia
  • Abate 1.200/ano

Fonte: CATI – Nuporanga.

Novembro e Dezembro/2005

ABAG/RP