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Pitangueiras resgata o agronegócio

O leite é o parceiro escolhido pela cidade para estimular sua diversificação agrícola e dinamizar o agronegócio. “O agronegócio é a nossa vocação e é nele que vamos investir”, avisa o prefeito Waldir de Felício, 60 anos, professor aposentado de Educação Física, que conhece a cidade desde que nasceu e assistiu à principal transformação por que passou sua população, nos últimos 25 anos.

Ele conta: “Um dia, pesquisei e descobri que dos alunos da escola onde lecionava, só 10% eram nascidos aqui! Hoje, mais de 60% dos nossos 31 mil habitantes não são pitangueirenses. Tanto que o centenário da cidade, em 1992, passou e ninguém se lembrou...Poucos têm raízes em Pitangueiras”. Foi a lavoura de cana e a produção de açúcar e etanol (álcool) que enriqueceram a cidade e trouxeram essa gente nova que, agora, busca novas alternativas de trabalho, para acompanhar a modernização exigida pela mecanização dos canaviais.

As usinas Andrade, Virálcool e Pitangueiras moem, juntas, 5,16 milhões de toneladas de cana para fazer 276 mil toneladas de açúcar e 360 milhões de litros de etanol. São as maiores empresas da cidade – empregam cerca de oito mil trabalhadores – “mas nelas não há lugar para todo mundo”, diz o prefeito. A Húmus Agroterra e a Agropecuária CFM, fornecedoras de cana, completam o grupo de empresas voltado para o setor sucroalcooleiro. Pitangueiras também é berço da tradicional fábrica de Rações Fri-Ribe S/A, há trinta anos produzindo alimento nutritivo para todos os animais: “Do boi ao alevino, do avestruz ao passarinho, do cachorro ao camarão, do peixe ao camundongo de laboratório”, enumera o empresário Álvaro Amorim, um de seus fundadores.

Para atender essa “clientela”, os 170 funcionários da Fri-Ribe em Pitangueiras mais os das unidades de Anápolis e Lavras e das franqueadas de Fortaleza e Teresina processam milho, glúten de milho, farelo de soja e de sorgo, vitaminas, sais minerais e leite em pó para produzir 10 mil toneladas de ração por mês. A empresa espera faturar este ano cerca de R$ 75 milhões. O agronegócio sempre foi a força de Pitangueiras. Na cidade, alguns se lembram de que ela já teve dez máquinas de beneficiar arroz e hoje resta uma. “O arroz era cultivado aqui, mas agora vem do Uruguai e do Rio Grande do Sul”, lamenta o prefeito, filho de um daqueles maquinistas.

Resta uma lavoura, de 50 hectares, que vai produzir 1.600 sacos de 60 quilos. Em parceria, a Prefeitura e o Sebrae lançaram o Sistema Agroindustrial Integrado (SAI), “para ajudar o produtor da porteira para fora”, define Rodrigo Matos do Carmo, responsável pelo programa na região. “A meta, diz ele, é integrar esse pequeno produtor na cadeia produtiva, ensinando-o a vender, calcular custo e conhecer a legislação.” O leite foi escolhido porque encontrou receptividade da Prefeitura, que deverá ser um dos clientes, e 15 criadores dispostos a participar.

Por mês, a Prefeitura consome 12 mil litros, paga R$ 0,94 o litro e gasta R$11.280,00. Se ela comprar desses produtores e pagar R$ 0,80, gastará R$ 9.600,00, calcula Rodrigo. O programa começa com 398 cabeças, 220 em lactação, para produzir 95 mil litros por dia. No projeto estão previstas uma mini usina de
resfriamento e a produção de derivados. A assistência técnica poderá ser feita pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral da Secretaria da Agricultura (CATI) e pela UNESP, de Jaboticabal.

Dados

  • Receita: R$ 16 milhões
  • Cana: 33.600 ha (2,84 milhões de toneladas)
  • Soja: 847 ha (38.115 sacos de 60 quilos)
  • Milho: 634 ha (44.172 sacos de 60 quilos)
  • Amendoim: 242 ha (23.232 sacas de 25 quilos)
  • Laranja: 30 mil pés (45 mil caixas)
  • Sorgo: 50 ha (1.650 sacos de 60 quilos)

Fevereiro/2002

ABAG/RP