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Em Pradópolis, agronegócio traz qualidade de vida

Há algo novo na paisagem de Pradópolis: o cultivo de plantas medicinais, condimentares e aromáticas e a fábrica que seca, beneficia e processa essas ervas cada vez mais procuradas pelas indústrias de medicamentos fitoterápicos, cosméticos e alimentos. Há dois anos, elas começaram a interessar produtores da cidade e da região. A mecanização do corte da cana-de-açúcar estimula a nova atividade, que se espalha principalmente por espaços mais íngremes, onde a máquina não consegue trabalhar.

Já são 68 hectares, que deverão chegar a 150 no ano que vem e 250 em 2003, estima o engenheiro agrônomo Pedro Henrique Quariguasy Soares, um dos sócios do empreendimento que se completa com a indústria Plantas Aromáticas do Brasil Ltda. “É um agronegócio social”, ele define. O projeto conta com a participação da Febem de Ribeirão Preto, em colaboração com o Ministério Público. Nessa unidade, há cinco hectares cultivados para 20 internos aprenderem a nova atividade e, no futuro, trabalhar com os parceiros que já cultivam e fornecem ervas para a fábrica. Enquanto isso, na fazenda Santa Isabel, berço da iniciativa, funcionários mais idosos e jovens com problemas de saúde, filhos de trabalhadores, também foram contratados.

Já são 150 funcionários empenhados em todo o projeto. No Brasil, o segmento movimenta US$ 500 milhões e cresce 10% ao ano, calcula Pedro Henrique. Um hectare produz entre 15 e 20 toneladas de massa bruta verde por ano, que rendem de 15% a 20% desse total em matéria seca. E quem viaja de avião pelo Brasil ou embarca para o exterior também se alimenta com produtos de Pradópolis. “Cenoura, cebola, beterraba, abobrinha, batata, chuchu, berinjela, que acompanham as refeições são da roça da nossa gente”, orgulha-se Paulo Sérgio Bonissoni, da Agroindústria Bonissoni, fornecedor da empresa ‘Restaurante Aeroporto’, que abastece empresas aéreas nacionais e estrangeiras que escalam em aeroportos de todo o País. Os 45 funcionários de sua firma descascam, cortam, resfriam e embalam, a vácuo, até 150 toneladas de legumes por mês, fornecidos por 30 parceiros. A Agroindústria Bonissoni também garante as cozinhas industriais das principais montadoras de veículos do Brasil e da Embraer.

“A próxima etapa, entregar produtos pré-cozidos, foi adiada pelo racionamento de energia, mas chegaremos lá”, avisa. O agronegócio está diversificando as oportunidades de trabalho na cidade, que detém historicamente um dos melhores índices de qualidade de vida da América Latina, atestado pela Organização Panamericana de Saúde. Há anos, a mortalidade infantil é zero, como a dívida do município ou o número de alunos fora da escola, além da menor incidência de cáries nas crianças do Estado de São Paulo. A Usina São Martinho também tem muito a ver com isso. É sua maior e mais antiga empresa. Emprega 2.487 funcionários e neste ano, produzirá 400 mil toneladas de açúcar e 114,7 milhões de litros de álcool, com a moagem de 5,2 milhões de toneladas de cana (4,16 milhões colhidas cruas, com máquina). Seu Centro de Educação Ambiental recebe estudantes, professores e entidades de todo o Estado.

A usina participa de quase todos os projetos sociais, econômicos e educacionais de Pradópolis. Marcelo Ometto, diretor da usina, reconhece a importância da São Matinho para a cidade, mas observa que Pradópolis não pára de crescer e forma trabalhadores qualificados que hoje atuam, também, no comércio e em várias indústrias da região. “Vamos manter a missão de alavancar o Distrito Industrial que, em breve, receberá uma fábrica de adubo líquido, da Serrana, e já possui uma caldeiraria, a HD, de ex-funcionários da São Martinho, entre outras empresas que lá já se instalaram.

”A Prefeitura calcula que 85% de sua receita anual, de R$ 13 milhões, venha do agronegócio. A cidade sempre viveu dele. Nasceu sob o signo do café em 1905, como Vila Nova, criada pela Companhia Agrícola Fazenda São Martinho, e tornou-se município em 1960, já sob influência da cana-de-açúcar.

Dados

  • População: 12.906 habitantes
  • Receita anual: R$ 13 milhões
  • Cana-de-açúcar: 10 mil ha / 700 mil t
  • Soja: 500 ha / 20 mil sacas de 60 kg
  • Amendoim: 500 ha / 50 mil sacas de 25 kg
  • Milho: 50 ha / 4 mil sacas de 60 kg
  • Pastagem: 400 ha naturais e 250 ha cultivados
  • Rebanho leiteiro: 1 mil cabeças / 14 mil litros/dia

Setembro/2001

ABAG/RP