Enquanto o setor sucroalcooleiro perdeu 2,8 mil postos de trabalho formais no primeiro semestre deste ano em todo o estado de São Paulo, com redução de 7% no saldo de vagas em relação ao mesmo período de 2014, a Região Administrativa de Ribeirão Preto foi a única que manteve o ritmo de contratações e ainda superou o desempenho do ano anterior.
“Além de vocação, a região tem tradição no setor sucroalcooleiro, o que proporciona um processo de profissionalização muito grande. Mesmo com a mecanização, que reduz a demanda por trabalhadores no corte da cana, a demanda se mantém porque a região está à frente nesse processo”, explica Alberto Borges Matias, professor da FEA-RP/USP.
O diretor do Sindicato dos Empregados Rurais de Ribeirão e Região, Silvio Palviqueres, confirma que boa parte da mão de obra do corte tem sido absorvida em outros processos, como operação de máquinas e transportes. “Ainda existem algumas áreas sem mecanização, mas muito pouco.
O que vemos é um aumento de contratações para a execução de outros processos mesmo.”
Recuperação
Com um saldo de 8,4 mil empregos gerados no setor sucroalcooleiro no primeiro semestre, a região ampliou em 18% o quadro de trabalhadores em relação ao mesmo período de 2014, o melhor desempenho entre as 15 pesquisadas no Estado.
O especialista em agronegócio José Carlos de Lima Junior, professor de pós-graduação da USP, explica que o setor está melhor neste ano. “As condições climáticas melhoraram, com mais chuvas, e a competitividade do etanol no mercado interno também. Isso aumentou a demanda de produção e de profissionais no campo e na indústria”, diz.
Mas, ainda segundo ele, isso não significa que o setor está em plena recuperação, pois a base de comparação é fraca. “No ano passado, o cenário estava ainda mais complicado. Agora, o que houve foi uma estabilidade, não que o setor tenha se recuperado.”
Análise - Setor ainda passa por crise
O primeiro semestre no setor sucroalcooleiro é o período com maior número de admissões de trabalhadores envolvidos nas mais diferentes etapas da cadeia produtiva. Assim, o primeiro semestre de 2015, mesmo com alta demanda de mão de obra, teve desempenho inferior ao ano anterior.
Reflexos da crise instaurada no setor, que vem diminuindo suas contratações ano a ano, seja por conta de inovações tecnológicas introduzidas no sistema produtivo, como é o caso da colheita mecanizada que tem substituído o corte manual e eliminando a figura do cortador de cana-de-açúcar do setor, seja pelo fechamento de usinas processadoras de cana-de-açúcar e também dos fornecedores que deixaram a atividade.
Instituto de Economia Agrícola
Fonte: Jornal A Cidade
08/09/2015