Até 1907 só alguns estabelecimentos comerciais ocupavam a área onde hoje se localiza Santa Lúcia. Não era possível uma expansão urbana por falta de acordo para venda dos terrenos. Foi naquele ano que alguns fazendeiros se uniram e compraram a área de Dona Luciana Campos. Dividiram os lotes e ruas. Batizaram o local com o nome da ex-proprietária. Como não havia no calendário religioso o nome Luciana, optaram por Lúcia, Santa Lúcia.
Mas no início o desenvolvimento acontecia dentro das fazendas. A “cidade” frequentava as colônias com suas festas, comércio, jogos...
Santa Lúcia viveu, como a maioria das cidades do da região noroeste de São Paulo, o ciclo virtuoso do café, enfrentou sua decadência, buscou novos caminhos e se rendeu à cana-de-açúcar. O município chegou a ter uma usina dentro de uma antiga fazenda de café. Hoje a cidade é só fornecedora de matéria prima e mão de obra, uma verdadeira cidade dormitório.
Os áureos tempos ficaram na memória dos mais velhos e no objetivo para os mais novos.É assim que pensa o atual prefeito. Farmacêutico por formação está em seu segundo e último mandato, afirma. Espera que até 2012 devolva para Santa Lúcia a capacidade de se desenvolver. Nos primeiros quatro anos diz que construiu o alicerce, afinal, para atrair investimentos o município precisa ter infra-estrutra para oferecer.
Com 8.100 moradores, sem nenhuma indústria ou empresa expressiva, Santa Lúcia praticamente não tem arrecadação própria, vive de repasses dos governos estadual e federal. Sem verba suficiente para estruturar a cidade, a administração local saiu em busca de recursos dos mais diversos fundos. Em 5 anos captou mais recursos que nos últimos trinta. Os resultados começam a aparecer.
Apesar de coletar 100% do esgoto, a cidade trata apenas 20%. Com verbas do Programa Água Limpa, em novembro de 2009, a cidade inaugura sua estação e passará a ter 100% de esgoto tratado. O asfalto é deficiente nos bairros mais velhos. Nos mais novos ele é parte do projeto. Para cobrir esta deficiência já existe verba, só falta autorização para licitar. O Fehidro liberou verba para a construção do aterro em vala. O lixo de Santa Lúcia era 100% “exportado” para Araraquara. Em 12 meses será mais um problema do passado. A água, apesar de tratada, não era suficiente. Um novo reservatório resolveu o problema.
Aos poucos a cidade se credencia para buscar o desenvolvimento.
Mas nada terá resultado sem saúde e educação de qualidade. Estes gargalos estão resolvidos, por enquanto. A ampliação do setor de saúde passou pela reforma da estrutura física das 3 unidades de saúde; pela contratação de mais profissionais, de todas as áreas; pela reestruturação da farmácia municipal; pela compra de novos equipamentos e pela ampliação do número de ambulâncias, eram 4, agora são 8. Para o ano que vem uma equipe do Programa Saúde da Família será contratada e toda a rede será interligada por internet, da recepção dos postos, aos consultórios.
A educação está mudando aos poucos. O material apostilado de uma rede de ensino está sendo gradativamente implantado. Até o 6º ano todos os alunos já usam o novo método. Os professores têm passado por programas constantes de qualificação, e as 5 escolas foram todas reformadas. Nos períodos contrários às aulas vários projetos de esporte, cultura, reforço escolar e até de horta escola, abrigam quase 1000 jovens. Cursos de qualificação do Centro Paula Souza serão implantados a partir de 2010 para capacitar os trabalhadores da cidade. Hoje cursos pontuais como corte e costura, cabeleireiro e padaria são importantes geradores de renda. Depois de tudo pronto a cidade poderá crescer, diz o prefeito, será então hora de buscar verbas para casas populares e para a compra de terreno para o distrito industrial.
Santa Lúcia está recuperando o tempo perdido, mas sem perder a alegria. Quando a pergunta é como as pessoas se divertem na cidade, a resposta é uma: com festa. Do calendário oficial de comemorações só não constam 2 meses festeiros. Tem festa de tudo do Natal, do Havaí, julhina, da Independência... Muitas começam despretensiosamente, como a feira de animais. Alguns amigos, sendo um dono de bar e os outros criadores, fizeram a primeira exposição. Já são 31 anos da feira.
Mais uma festa vem por ai, a do desenvolvimento. Disposição e criatividade é o que não falta.
Dados
- Propriedades: 98 sendo 5 até 200ha
- Cana-de-açúcar: 11.097ha
- Braquiária: 388ha
- Amendoim: 356ha
- Laranja: 132ha
- Fonte: Lupa 2007/08
- Edição 94
Agosto de 2009