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São Carlos: do café à tecnologia

A implantação de um moderno sistema de transporte ferroviário, em meados do século IXX, impulsionou o crescimento da recém criada São Carlos do Pinhal. São Carlos, em homenagem ao padroeiro São Carlos Borromeu, e Pinhal, referente à araucária (árvore característica da região) e à principal fazenda pertencente à família Arruda Botelho. O café que chegou à região por volta de 1840, fez a riqueza das três Sesmarias que deram origem à cidade.

Hoje quase não existem mais araucárias, assim como o “Pinhal” foi retirado do nome da cidade. O café ainda existe em grande quantidade, mas divide espaço com a cana, laranja, soja, pinus, eucalipto, áreas de pastagem (gado de corte e leite), entre outras culturas. São 800 propriedades rurais na cidade, onde as granjas, cerca de 85, se destacam pelos números: abatem o equivalente a 75 milhões de quilos de carne de frango por ano e empregam mais de mil pessoas. A atividade agrícola ainda é importante, mas a cidade, hoje, é muito mais lembrada pelo pólo educacional, tecnológico e científico que representa.

Além da USP e da Universidade Federal de São Carlos, duas universidades particulares e dois Centros de Pesquisa da Embrapa concentram em São Carlos uma comunidade científica voltada para o desenvolvimento tecnológico, responsável pela perceptível mudança do perfil da mão-de-obra na cidade, e até pelo tipo de empresa que ali se instala Mas o setor econômico mais forte em São Carlos é o industrial. São cerca de 460 indústrias que garantem mais de 40 mil postos de trabalho. Entre elas está a Faber Castel, a maior empregadora da cidade, com 2 mil empregos diretos. Por causa da mão-de-obra altamente especializada, a cidade começa a concentrar empresas ligadas às áreas de automação, instrumentação eletrônica, mecânica, cerâmicas supercondutoras, robótica, aeronáutica e ótica de precisão.

Oftalmologistas de todo o Brasil têm a opção agora de comprar equipamentos nacionais com a mesma qualidade dos “importados”, fabricados pela Eyetec, em São Carlos. Toda esta tecnologia influencia também a qualidade de vida dos seus 200 mil habitantes. O IDH, Índice de Desenvolvimento Humano de São Carlos é um dos maiores do Brasil: 0,841, o que coloca a cidade na 63a posição do ranking nacional. O IDH espelha, além da renda, a longevidade da população e o grau de maturidade educacional, que é uma combinação entre a taxa de alfabetização e o número de matrículas nos três níveis de ensino. Mas a Capital Brasileira da Tecnologia também tem seus problemas.

A falta de tratamento dos esgotos é um deles. A rede de coleta já existe, mas a estação de tratamento ainda está nos planos da administração municipal. O atual prefeito, Newton Lima, é ex-reitor da UFSCar. Educação é uma das prioridades de sua administração. A educação infantil é um exemplo. O número de vagas para crianças de 0 a 3 anos cresceu 147% em dois anos. A “Escola do Futuro” já está implantada em 5 das 27 escolas municipais,. Nelas o aluno tem acesso à internet e às novas tecnologias. As bibliotecas, remodeladas, são abertas para toda a comunidade. Para combater o analfabetismo foi implantado um programa especial: duas mil pessoas começaram ou voltaram a estudar.

Na área da saúde, a contratação de pessoas e a construção de novas Unidades Básicas foram possíveis porque o investimento ultrapassou os 15% do orçamento exigidos por Lei, chegando a 18%. Segundo a Fundação SEADE, São Carlos tem o menor índice (5,7) de mortalidade infantil em todo o Estado de São Paulo.

Dados

  • Milho - 3 mil ha: 240.000 sc
  • Soja - 1 mil ha: 46.000 sc
  • Laranja -1,5 milhão de pés: 3 milhões de cx
  • Cana - 21 mil ha: 1.764 mil ton
  • Café - 770 ha: 38.500 sc
  • Reflorestamento - 3 mil ha
  • Gado - 20 mil cabeças
  • Suínos - 15 mil cabeças
  • Frango de corte - 5,5 milhões de cabeças

Outubro/2003

ABAG/RP