A cidade de São Simão, distante 50 quilômetros de Ribeirão Preto, tem hoje cerca de 13.600 habitantes, número que não chega à metade dos habitantes que tinha em 1824: 30 mil moradores. Era a segunda maior cidade do Estado. Próspera com a cultura do café, era a maior produtora do mundo com 43 milhões de pés. Sua origem hoje vem sendo reescrita pelos historiadores locais.
Segundo a lenda, o sertanista Simão da Silva Teixeira. se perdeu na região e fez uma promessa ao seu santo protetor, São Simão,de construir uma capela caso conseguisse achar o caminho de volta. Da capela teria surgido a cidade no início do século XIX, mas documentos encontrados recentemente, datados do século XVII, apontam a passagem de Anhanguera pela cidade, bem antes de Simão. É mais história para se somar a outras dezenas. Peças no museu municipal afirmam a existência de primitivos habitantes há cerca de 2.000 anos. Artefatos comprovadamente das eras da Pedra Lascada, Polida e Cerâmica. Em sua história mais recente, São Simão se orgulha de ter dado origem a diversas cidades da região, inclusive Ribeirão Preto que pertencia à sua comarca.
Graças ao café, a ferrovia chegou primeiro à cidade levando imigrantes, progresso e cultura. Nesta época a cidade tinha seu próprio Banco, sua própria usina hidrelétrica, sua empresa de telefonia, um teatro para ópera com 500 lugares e 4 ferrovias distintas para escoar a safra de café. São Simão também se orgulha por ter sido berço da Proclamação da República. Em 31 de janeiro de 1888, a Câmara Municipal propôs a extinção da Monarquia e a anulação da formação do terceiro império. Os tempos áureos começaram a acabar na primeira das três grandes epidemias de febre amarela na cidade, em 1896. Isto fez com que as pequenas vilas, entre elas Ribeirão Preto, recebessem mais moradores que fugiam com medo da doença.
Foi em São Simão, em 1902, que o cientista Emílio Ribas descobriu que a febre amarela não era contagiosa, e sim transmitida por um mosquito. Seus estudos serviram de base para o combate da epidemia que o médico Oswaldo Cruz fez no Rio de Janeiro, em 1904. Os tempos áureos do café ficaram para trás, mas a cidade mantém o charme do século XIX com suas construções antigas, ruas com paralelepípedos e as antigas fazendas que aos poucos estão se transformando em hotéis. O turismo começa a florescer. Do mirante, onde está o cruzeiro, é possível avistar as cidades vizinhas. A prainha, com suas areias brancas, já é ponto de encontro. A casa onde viveu o artista Marcelo Grasmam faz parte do roteiro.
Conhecido internacionalmente por suas litogravuras o artista é reverenciado por todos. A economia de São Simão gira em torno da agricultura, hoje com o predomínio da cana-de-açúcar e do reflorestamento. Nas indústrias o forte está na fabricação de móveis, de embalagens de isopor e na lavagem de jeans para grandes fabricantes. A extração das riquezas naturais, como areia, argila e água mineral, é outra fonte de renda e emprego na cidade. Com um orçamento de quase R$ 14 milhões, a prefeitura tem tentado atrair investimentos para São Simão, mas sabe que é a história e o turismo que representam o grande diferencial desta cidade de 180 anos.
Dados
- Cana-de-açúcar: 14.000 há /1 milhão 275 mil ton
- Café: 250 ha novos / 80 ha em produção - 820 sacas
- Laranja: 300 mil pés novos /120 mil em produção - 216 mil cx
- Eucalipto: 10.800 ha
- Milho: 800 ha - 64 mil sacas
- Soja: 800 ha - 32 mil sacas
Maio/2004