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Setor produtivo lança campanha de prevenção a incêndios

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A partir da segunda quinzena de junho, site trará informações diárias de risco de fogo em todas as regiões do Brasil

 

Por Eliane Silva — Ribeirão Preto (SP)

 

Fogo na fazenda da Embrapa, em São Carlos (SP), em 2021, devastou as pastagens e provocou a morte de animais - Foto: Gisele Rosso/Embrapa

 

“O Fogo é fogo. O fogo não é problema somente do outro, é problema de todos. No campo e na cidade. É dever de cada um prevenir e denunciar.”

Com esse slogan foi lançada pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag-RP), com sede em Ribeirão Preto (SP), a 9ª edição da Campanha de Conscientização, Prevenção e Combate aos Incêndios, em parceria com usinas sucroalcooleiras, produtores rurais e o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural).

O objetivo da campanha é mostrar as causas e consequências dos incêndios nas lavouras e em outras áreas da zona rural e também urbana.

A adesão do Senar à iniciativa, segundo Mônica Bergamaschi, presidente do conselho diretor da Abag-RP, vai permitir levar para todas as regiões do Brasil até outubro, período de volta da chuvas, mensagens da campanha por meio das redes sociais dos participantes, spots de rádio, outdoors, busdoor, filmes, jingles, cartilhas e outros materiais.

As campanhas começaram em 2017, visando dissociar a queima controlada dos canaviais para o corte, que ainda era permitida em São Paulo, das queimadas. A partir de 2018, o foco passou a ser a educação como forma de prevenir os incêndios.

 

Indicativo

A entidade mantém em seu site um Indicativo de Incêndios, contratado junto à Climatempo, que traz com precisão as áreas e regiões com maior potencial de risco de ocorrência e propagação de fogo no dia e nos seis dias posteriores.

Neste ano, a partir da segunda quinzena de junho, o Indicativo trará diariamente 49 mapas de todas as regiões do Brasil, não se limitando apenas ao Estado de São Paulo, como foi em 2022. Os mapas mostram os níveis de severidade, por região, representados em cores: baixo (amarelo), alto (laranja), alerta (vermelho) e emergência (roxo).

O Indicativo considera as previsões de chuva em curto e médio prazo, a umidade relativa do ar, o balanço hídrico e outras variáveis meteorológicas.

 

Incêndio em setembro de 2021 em fazenda na região de Ribeirão Preto (SP) — Foto: Divulgação

 

Queda

Segundo a Abag-RP, o número de incêndios vem caindo nos últimos anos no Estado de São Paulo. Em 2022, por exemplo, foram registrados 1.599 focos ativos de incêndios, o menor número desde o início do levantamento, em 1998, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) para o Programa Queimadas.

Nos anos de 2020 e 2021, os focos de incêndio no Estado foram bem maiores: 6.123 e 5.469, respectivamente.

Essa redução, segundo a entidade, pode ser explicada, em parte, pela melhor distribuição das chuvas no ano passado, mas também é resultado das campanhas de prevenção e do investimento do setor produtivo em tecnologia, equipamentos e treinamento de pessoal para combate ao fogo.

O interesse das usinas e produtores na campanha se explica pelos prejuízos causados pelas queimadas, desde que passou a ser lei no Estado a colheita mecanizada da cana.

No início de setembro de 2021, por exemplo, foram relatados muitos prejuízos na região de Ribeirão com incêndios que atingiram áreas de duas usinas sucroalcooleiras, canaviais, cafezais e mata nativa.

O fogo causou interdições na rodovia Cândido Portinari, em Batatais, provocou a morte de animais e chegou bem perto da área urbana.

Na mesma época, um incêndio atingiu as instalações da Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos, queimou mais de 800 hectares de pastagem e reserva e matou 32 bezerras de uma pesquisa de melhoramento genético.

O setor sucroalcooleiro afirma que as queimadas em canaviais não são provocadas pelo setor, são incêndios criminosos que reduzem a produtividade e a longevidade dos canaviais, queimando os recursos investidos pelo produtor, que precisa replantar a cana.

 

Incêndios florestais

Um dos convidados do lançamento da campanha, o professor e pesquisador do Laboratório de Incêndios Florestais da Universidade Federal do Paraná, Ronaldo Viana Soares, contou que as campanhas de prevenção aos incêndios no Brasil feitas principalmente por empresas que plantam florestas começaram em 1963 após um incêndio ter destruído 2 milhões de hectares no Paraná e se intensificaram em 1988, quando o foco passou para as queimadas na Amazônia.

“As campanhas de prevenção são fundamentais porque 75% das queimadas são causadas por ação humana. O restante é causado por raios e outros fatores.”

Segundo o pesquisador, ao longo dos anos, foi adaptada para aplicação no Brasil uma metodologia que estabelece cinco graus de perigo de um incêndio florestal: muito alto, alto, médio, pequeno e nulo.

Essa tecnologia foi agregada, principalmente, ao treinamento de brigadas das empresas, ao investimento pesado em equipamentos e à instalação de torres de detecção de fogo com vigias, que foram substituídos por câmeras.

 

 

Matéria publicada no site do Globo Rural: https://globorural.globo.com/noticia/2023/05/setor-produtivo-lanca-campanha-de-prevencao-a-incendios.ghtml

ABAG/RP