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Taquaral: entre a cana e laranja

Imagine uma criança de 7 anos. Os pais conseguem ter sobre ela controle total. Que caminho tomar, quanto gastar, com que amigos se relacionar. Assim podemos imaginar a cidade de Taquaral. Com 7 anos, a prefeitura consegue ter total controle sobre sua administração. As contas estão rigorosamente em dia. Sobra até dinheiro para colocar na poupança. Em 2002 o superávit da cidade foi de cerca de R$ 300 mil, cerca de 10% do orçamento anual.

A poupança da prefeitura já passa de R$ 1,2 milhão. Antigo distrito de Pitangueiras, Taquaral foi elevado ao status de município em 1993. Em 1997 assumiu seu primeiro prefeito, Petronílio José Vilela. Antigo vereador, o atual prefeito foi autor do projeto de emancipação. Reeleito em 2000, fala com carinho de todo processo: “Primeiro veio o medo de mudar. O povo estava pessimista, o que era bom porque tudo o que viesse seria positivo”. Mas do que vive um município de 2722 habitantes, com uma área de apenas 6.300 hectares, onde não existe indústria e o comércio é muito tímido? Vive do FPM, Fundo de Participação dos Municípios e da arrecadação do ICMS, que vem unicamente da produção agrícola.

Cana e laranja disputam cada palmo do território. Da praça central, dois quarteirões abaixo e dois acima, a visão é clara dessa disputa. A laranja já foi mais forte na cidade, mas com as crises no segmento, muitos produtores derrubaram os pomares e plantaram cana-de-açúcar. Mas o prefeito faz questão de lembrar que na cidade moram os melhores formadores de mudas de laranja da região. Com a vocação agrícola falando mais alto, a Prefeitura até tentou criar um distrito industrial. Comprou 6 alqueires de terra na beira da estrada. Não apareceram interessados. Pensou em criar um entreposto de distribuição de alimentos. Também não deu certo. A Prefeitura então cedeu parte do espaço para alguns interessados.

Tem gente criando galinha, plantando um pouco de milho. Outros, mais capitalizados, construíram, em meio alqueire, 6 viveiros telados para a formação de mudas de laranja. Eles pagam apenas pela água que usam, mesmo assim, a Prefeitura considera que foi um bom negócio ceder o terreno. Neste espaço tão pequeno são gerados cerca de 40 empregos e as vendas futuras podem incrementar a arrecadação de impostos. Para montar cada um dos viveiros os empresários investiram em média R$ 80 mil. ”Todas as normas de fitossanidade têm que ser seguidas. Este mercado não é mais para aventureiros”, explica Josiane de Freitas Furlan, de 28 anos, que junto com o marido, Eleandro, aposta no negócio. Eles possuem dois viveiros.

Cada viveiro produz cerca de 30 mil mudas por ano, o que rende, bruto, cerca de R$ 90 mil. Há menos de um ano no negócio eles acreditam que os lucros devem vir apenas a partir do próximo ano. O maior empregador da cidade é a Prefeitura. São 120 postos de trabalho. A preferência é para moradores da própria cidade, somente para cargos onde os moradores não estão qualificados é que são contratadas pessoas de fora: caso do engenheiro e dos médicos da cidade. A saúde agora é bem diferente dos tempos de distrito. Hoje existe médico 24 horas na Unidade Básica de Saúde. O Prefeito garante que tem dinheiro para construir um hospital, mas para que?, pergunta ele. “Está tudo funcionando bem, há 6 anos não morre nenhuma criança na cidade. Construir um hospital seria gastar dinheiro sem necessidade”, completa.

A verba está sendo gasta com asfalto e na ampliação da iluminação pública. O velório municipal acabou de ser inaugurado e a sede da prefeitura tem menos de um ano. A cidade tem 500 estudantes. Apenas o ensino infantil, de 0 a 6 anos, é municipal. A outra escola a “EEPG Elísio de Castro“, é estadual e abriga os alunos do ensino fundamental e médio. Para os 63 alunos do primeiro ano do ensino médio, a ABAG/RP está oferecendo uma oportunidade única. Eles participam do Programa “Agronegócio na Escola”. É a chance de conhecer a região e valorizar o agronegócio, o único setor que sustenta a população que na sua maioria trabalha na colheita da laranja e no corte de cana.

Dados

  • Laranja: 4.5 milhões de caixas/ ano
  • Cana-de-açúcar: 280.000 toneladas/ ano

Junho/2003

ABAG/RP